''Negar aquilo que é Absoluto. Negar o Certo e o Errado. Além do Bem e do Mal. Afundar Teorias. Leis. Regras. Destruir o Muro da Realidade. Quebrar os tijolos da Verdade. Obedecer a uma Lei única. A Lei da vontade própria. E assim eu faço a vida. A Liberdade. Eis é a chave da Vida. Uma vida plena de verdade.''

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Ê, boiada

Trabalho é uma merda. E essa frase, por si só, já devia valer a coluna inteira.

Acontece que a gente mora num país tropical. Sol, mulher, futebol e tudo o que existe de bom nesse mundo. País liberal, bonito, do carnaval e da festa. E mesmo assim eu preciso trabalhar com uma merda duma algema na cabeça. Faz você pensar em até que ponto é só burrice imitar os países da metade fria de nosso planeta. Burrice tem limite. Ou deveria ter, apesar de o mundo infelizmente nos mostrar o contrário inúmeras vezes quase todos os dias.

A coisa chega a um ponto tão absurdo em certos casos - como, por exemplo, obrigar neguinho a usar terno e gravata todo dia num país quente pra caralho do inferno - que eu quase desisto de dar o benefício da dúvida pra inteligência das pessoas. Como se já não bastasse ouvir toda aquela ladainha de "ai, trabalho dignifica a alma", "ai, o homem que não trabalha é inútil, mimimi".

Quer dizer, nego te empurra todo dia aquela ladainha de que o ser humano - especialmente no trabalho - precisa maximizar o seu desempenho e reduzir ao máximo os obstáculos para o bom cumprimento de trabalho. Aí, quando você acha que isso se encaixa como uma luva no seu caso - uma vez que trabalhar agasalhado como um sueco pescando baleias no sol escaldante do Saara brasileiro atrapalha bastante o seu desempenho -, aparece um babaca falando sobre como o vestuário segue um código e sobre como você precisa usar essa merda porque ela passa a imagem de respeito.

O melhor disso tudo? Sexta-feira casual. A empresa babaca decide que na sexta, e SÓ na sexta, você pode ir trabalhar sem se vestir como uma merda dum pinguim. E ainda esperam que você os veja como ultra-liberais bem-humorados e bla bla bla.

Trabalhar é uma merda. O dinheiro é bom. E viva o jogo!

...tumá no cu!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Perfumes Sociais

Existem duas coisas que você pode distinguir facilmente como fedores da nossa sociedade.
Um deles, é que o nosso mundo fede a dinheiro, e não estou dando uma de Socialista Bolchevique que vai reclamar disso, é apenas um detalhe que todo mundo deve ter percebido: A maior engrenagem do nosso mundo é o dinheiro. Movendo de guerras a opções pessoais.
Todo mundo que tem entre seus 17/20 e pensam em ingressar no ensino superior brasileiro, já deve uma vez na vida ter escutado a brilhante frase ''Você tem que fazer algo que dê dinheiro''. Eu acho isso tremendamente estúpido, como se o dinheiro fosse muito maior que as suas vontades pessoais, todos os seus gostos devessem ter esse intuito: dinheiro.
O que é pior, as pessoas realmente acreditar que para serem felizes eles tem que fazer algo que lhes proporcionem rios de dinheiro. Ou vocês acham que 37 concorrentes por vaga em cursos de medicina em faculdades federais não são uma prova disso? Ou boa parte está lá atrás da bufunfa que vão poder limpar as próprias bundas infelizes, ou mais da metade da população brasileira da noite para o dia começou a amar o fato que cortar pessoas com bisturi e trocar orgãos os faz realmente felizes, e é inevitável comentar que (imagino eu) esse número seja ABSURDAMENTE menor em faculdades particulares (afinal, faculdades particulas fedem a dinheiro).

O segundo fedor mais notável do mundo é a mentira. Todo mundo mente, não me venha como moralista defensor dos bons costumes dizer que mentir é errado e todo mundo devia falar a verdade. Todo mundo mente.
Só que mentira não é algo ruim (nem dinheiro), as pessoas costumam confundir algumas coisas, vejam bem. Toda mentira é seguida de um motivo, maior ou menor, seja aparecer contando algo para seus amiguinhos da igreja algo que você gostaria de ter feito e nunca fez. Seja omitir alguma coisa que você ache relevante que não se torne conhecimento comum, seja o que for, o motivo pelo qual a mentira foi criada é muito mais importante do que a mentira em si. Isso é o que importa, existem graus de mentira, desde as que você pode considerar humanamente ruins e as que são totalmente necessárias para a vida em sociedade. Ou você nunca escondeu sua opinião embaixo de alguma mentira para evitar uma possível briga com seus amigos? Seguindo isso, a super-sinceridade afastaria você de toda a sociedade, seria a sua morte social.
Ainda difícil de entender? Pense assim, se um amigo te perguntar ''Oi, essa é minha namorada, o que achou dela?'', você vai dizer algo como ''Legal ela/Gentil/Parece gente boa'', enquanto lá no fundo do seu subconsciente tu pensou ''Puta gostosa, queria comer ela'', até quando uma amiga sua está se lamentando por ter sido traído pelo namorado ela te pergunta ''O que ela tem que eu não tenho?'' no meio de lágrimas, sua resposta seria ''Nada, ela é uma idiota'', mas experimente responder a verdade ''Ela era mais gostosa e tinha uns puta peitos''. Qual você acha que seria a reação das pessoas ao seu redor ao pronunciar somente a verdade? Mentiras existem, e elas são necessárias muitas vezes.

Apesar de eu ter dito que o mundo fedia a duas coisas, só falei delas para levar ao terceiro ponto: Hipocrisia. É o fedor humano mais difícil de ser notado pois se esconde atrás de opiniões as vezes até verdadeiras. Somente se analisado muito bem você sentirá o seu leve fedor por todos os poros.
Vou citar um exemplo que aconteceu ontem na minha entediante aula de redação. Todo mundo deve saber do maldito caso da menina morta que tem nome de empregada (Eloá), quando minha professora pergunta habilmente ''Quem acha que o tal Limmemberg devia ter se matado?'', para a minha surpresa boa parte dos meus coleguinhas (que na maioria são imbecis) levantaram a mãozinha para o alto como se pedissem justiça social. E minha professora completa com um ''também acho, seria um louco a menos na sociedade''. Não muito longe desse infeliz comentário ela levanta outra questão ''Quem é a favor da pena de morte'', eu esperando uma reação igual a outra pergunta, quase ninguém se manifestou a favor disso. Nem mesmo minha professora com seu infeliz ''Um louco a menos''. Se eu sou o único capaz de enxergar uma linda hipocrisia aqui, procurem um psicólogo.
Hipocrisia é o menos notado dos fedores, disfarçando-se atráves de um suave aroma excitante, que se torna enjoativo se você o perceber demais. Ninguém vai conseguir notá-lo com apenas uma frase, precisa de uma certa análise sobre todas a intenções do orador. Precisa ser encurralado para começar a feder. Como um gambá ameaçado. Hipocrisia é seguido de uma certa forma de mentiras com o motivo aparente ''opinião'' por trás disso. Uma pessoa que já está presa não merece ser morta pois está lá para supostamente ''Recuperar-se'', enquanto o suicídio durante o ato criminoso é uma prática totalmente aceitável.
Eu enxergo isso como acertar um tiro nos próprios testículos.

domingo, 19 de outubro de 2008

Vidas em pétulas

Para deixár-mos um pouco de lado nosso textos de "como odiamos tanto alguma coisa" estou abrindo as portas para a literatura, digamos, artística (e espero que contagie meus colegas de blog a fazerem o mesmo, pelo menos uma vez na vida hehehe) .... boa leitura.

"aquele maltrapilho do parque..."
"expecifique."
"o que falava com as flores."


Vidas em pétulas

Alguns trapos sujos, o que sobrou de um cobertor feito de retalhos, uma barba a fazer de meses e uma história mais dramática que qualquer obra romântica ja feita. Um maltrapilho que vivia de desejos, aparecia no parque, de tempos em tempos, em dias de sol. Realmente ensolarados. Nunca fez nada para chamar atenção, e acabou despertando nos transeuntes uma curiosidade absurda, uma curiosidade que causou cólicas, que então transformou conceitos.

--x--

"Bom dia minhas queridas"
E, óbviamente, não teve respostas.
"Me lembrei que hoje vocês floreceriam, e vim correndo para vê-las lindas, vestidas para uma noite de trajes finos."
"Como vocês estão lindas. Verdadeiras damas"
Ele ja tinha um voz trêmula e muito cansada. De repente, uma Maria-Sem-Vergonha branca lhe olha nos olhos.
"Nos sentimos fervorosas pela sua visita em um dia tão especial"
"Eu sei minha mocinha, por isso vim."
"Deve ter se cançado vindo abaixo desse sol escaldante"
"Não tanto, já me acostumei há anos"
Naquele dia, as onze-horas floresceram pontualmente, as flores amarelas contrastavam com as vermelhas, e o sol não deu descanço, até se pôr, transformando o ambiente, se mostrando ao mendigo, e somente ele contemplava sua amante se encolher no horizonte.

--x--

O inverno sempre foi um inferno. Flores não floresciam, tudo era muito úmido, chovia frequentemente e as cores sumiam das ruas, do lar do homem que conversava com as flores. Eram tempos difíceis, tempos de ossos trêmulos, de lábios escuros e de respiração pesada. O homem comia o pão que o diabo amassou todo dia, porém no inverno tudo era pior. Aqueles meses se resumiram em idas aos hospitais, voltas em ambulâncias e farmácias de póstos de saúde. Sua saúde se definhava dia-após-dia, noite-após-noite.
Em um amanhecer de algum sábado, em algum parque pelo centro da cidade, o maltrapilho havia pulado a cerca do jardim, e estava escorado no tronco de uma grande árvore, com as raízes expostas, grossas, com os galhos secos, e uma fina garoa caía nas suas vestes. Um tempo cinza, de cores moribundas. O chão repleto de grama enxarcada, última esperança da primavera. O céu estava mais claro a algum tempo, e de onde estava, seria enxarcado por raios do sol assim que eles decidissem aparecer.
No chão, ao olhar para o horizonte, uma grande onda de esperança tomou o homem, quando seus olhos viram uma flor que ele nunca havia visto igual, de pétalas delicadas, uma cor viva, algo vivo naquele inverno, de textura adocicada. Seus olhos encheram de lágrimas, e ele se aproximou, deitado no chão, com o peito doído, com o coração explodindo de felicidade.
"Meu anjo, o que faz aqui? fora de uma estufa, de um ambiente quente?"
Não houve resposta. A flor tinha a borda das pétalas moles, debilitadas.
"O que eu posso fazer por você? ahn?"
"Me dê companhia, fique comigo"
"Precisamos tirar você daqui!"
"Não. Nessa curta vida que temos, precisamos aprender a aceitar certas coisas, principalmente as que não tem solução."
O ar já tinha um cheiro de manhã, e no horizonte o céu ja estava claro como o dia.
"O que você quer dizer? me fale minha querida."
"Essa dor no seu peito, ela termina hoje meu amigo."
"O sol esta vindo, ele vai te ajudar."
O maltrapilho passava a manga suja na flor, para tirar toda água e frio que podia.
"Ele veio nos buscar. Veio nos buscar para descansár-mos. É uma honra receber o afeto de tal criatura, tão explendosa, imponente"
"Fale menos, poupe seus esforços."
"Você também meu amigo, poupe esforços, e observe a perfeição de um raiar do sól"
No ponto alto de uma distante montanha, o branco tomava conta do céu, e fazia um degradê de azul até um azul forte, cheio de preto, que abençoava o homem no chão. Seu peito doía cada vez mais.
"Vamos meu amigo, vamos observar o nosso fim, algo que não vai mudar nada no mundo, apenas dois a menos. Precisamos saborear pela última vez o gosto de ter a razão, vamos olhar ao redor, vamos confirmar a degradação disso tudo"
Os olhos do homem percorreram o parque, e ele acabou entendendo o quão ínfima seria sua partida, enquanto algumas pessoas já transitavam pelas ruas. Apressadas.
Os raios de sol banharam sua pele, deixando seus olhos ofuscados. revelando lágrimas que se faziam brilhantes. O calor bateu no seu peito, do lado esquerdo, e fez explodir uma pontada forte. O sol lhe extendeu a mão, e ele a segurou.

Nuno Rosa

sábado, 11 de outubro de 2008

Não se pode querer tudo

Eu cresci ouvindo essa maldita frase. Tinha essa merda martelada na minha cabeça quase todo dia da minha vida. E quase cheguei a acreditar. Era o ensinamento babaca por trás de cada falta de dinheiro, de vontade ou de vergonha na cara dos meus pais. Mas isso é o que menos importa, agora.

O que acontece é que enfiaram na cabeça de todo miserável do mundo não só que tentar sempre fazer o que se quer é errado, mas também que o sofrimento é bonito. Estupidez dupla, vinda lá da puta que pariu, quando dizer isso ainda fazia algum sentido - para os fodedores muito mais que para os fodidos, é claro.

A necessidade de se sofrer corre nas veias mais fundamentais do cristianismo. É o sangue podre que passa pela jugular decrépita desse povo cativo. Deve-se rezar de joelhos, pedir clemência, temer a deus (insisto em escrever com minúscula para fazer doerem as minúsculas e atrofiadas bolas de seus seguidores), pagar promessas e passar por infinitas formas de mortificação (passar horas ou até dias em jejum, se auto-flagelar, subir escadarias gigantes de joelhos ou qualquer babaquice dessas). Coisa que funciona muito bem na Idade Média, por exemplo. Serve pra manter os plebeus na lama e a tua mãe na cama, simplificando bastante a história.

Os hindus, budistas e outros povos trazem algo parecido quando falam de karma. Se você fode alguém hoje, é seu dever se foder amanhã. É o que um bando de velhos punheteiros chamam de "conjunto de deméritos acumulados". Aparentemente, tem algum babaca escondido em algum lugar do universo que tem como única responsabilidade fazer com que todas as fodas terminem ocorrendo por igual. Ou, claro, alguma força misteriosa que faz com que todos os caralhos fodedores se voltem para o cu de seus donos.

...qualquer retardado sabe que o mundo não funciona assim. Se você se fode hoje, provavelmente vai se foder amanhã, e depois, e depois, e não é nenhum hino de nenhum Veda imbecil vai salvar a sua vida. O mundo é sujo, podre e injusto, e falar de Karma ou de Dharma (méritos adquiridos) só soa bonito quando você não está na posição do fodido (ou pelo menos ainda não percebeu que está).

Vejam bem. Muita gente, como São João da Cruz, falou merda, como podemos ver em sua Subida ao Monte Carmelo:

"Procure sempre inclinar-se:
não ao mais fácil, mas ao mais difícil;
não ao mais saboroso, mas ao mais desabrido;
não ao mais gostoso, mas antes ao que dá menos gosto;
não ao que é descanso, mas ao trabalhoso;
não ao que é consolo, se não antes ao desconsolo;
não ao mais, mas sim ao menos;
não ao mais alto e precioso, mas ao mais baixo e desprezível;
não ao que é querer algo, mas a não querer nada;
não andar buscando o melhor das coisas temporais, mas o pior, e desejar entrar em toda desnudez e vazio e pobreza por Cristo
de tudo quanto há no mundo"

Não consigo entender como coisas como essa soam bonitas pra muita gente. O cara diz que você tem que fazer o que você não gosta porque... sim. Se divertir é pecaminoso, feio e cruel, e se foder é lindo bonitinho fofinho maravilhoso. Vão tomar na porra do cu! Ignorância tem um limite, caralho!

Você pode querer tudo. E pode passar sua vida inteira tentando conseguir tudo o que quer. É claro que nem sempre as coisas vão dar certo, mas perceba que existe um abismo gigantesco entre não conseguir tudo e fazer o que não se quer à toa.

Milhões de toneladas de escritos de tudo que é tipo de "sábio" poderiam ser jogado no lixo se alguém prestasse atenção na simplicidade de Aleister Crowley ao dizer que "faça o que quiser é a única lei". Por que se bater com chicote ajoelhado no milho enquanto você pode simplesmente aproveitar a vida?

O culto ao sofrimento me obrigaria a falar de miasma, de castidade, de romantismo, de concurso público e de mais uma caralhada de coisa. Por hoje, basta lembrar a hipocrisia da maioria das religiões do mundo (pelo menos de todas as que cultuam a dor): pra um cristão, ter uma noite de sexo BDSM é um passaporte direto pro inferno, mas sentir as chagas de cristo através de estigmas é uma honra incalculável.

Encolher cabeças é uma heresia sem fim, mas condenar os descrentes em seu deus ao tormento eterno nos poços do inferno é lindo.

Se deus existisse, eu encolheria sua cabeça e usaria no pescoço, como bom Jívaro que sou.

Bandidos SANGUINÁRIOS